quarta-feira, 20 de abril de 2011

A importancia do ato de ler.

Paulo Freire


Autoajuda


Paulo Freire - A Importancia do Ato de Ler - educador de origem pernambucana, tornou-se mundialmente conhecido por seu trabalho junto à países pobres, especialmente na África e América do Sul, dedicando-se á alfabetização de adultos, cuja experiência levou-o a desenvolver uma metodologia própria que se tornou conhecida como “pedagogia da libertação”. Paulo Freire procurava despertar nos seus alunos a consciência crítica, aquela que permite ao ser humano libertar-se da massificação alienadora e tornar-se um indivíduo capaz de interferir no meio em que vive.
Dentre a vasta obra deixada pelo autor, um artigo se destaca pela sua natureza subjetiva. Em “A importância do ato de ler”, Paulo Freire nos dá o testemunho de sua própria experiência, relatando fatos e aprendizados da sua infância, com o objetivo de fazer entender que a leitura começa muito antes do contato com o texto. Para ele, a leitura não se restringe à decodificação pura da palavra escrita, não se esgota na leitura mecânica e literal do que está escrito. Ao contrário, a leitura do texto pressupõe uma prévia leitura do mundo e o seu entendimento depende do contexto no qual o leitor está inserido e de toda bagagem de experiências pessoais que traz consigo.
É na relação texto-contexto que se desenvolve a linguagem escrita e a nossa capacidade de ler. A palavra não se restringe à sua função de nomear pois está carregada de valores, crenças e conceitos abstratos resultantes da experiência subjetiva, psicológica, que estabelecemos com o mundo. O leitor torna-se capaz de ler justamente a partir da significância de sua experiência direta, das relações que estabelece com o ambiente que o cerca e do qual extrai o significado existencial que atribui a cada palavra. Cabe aqui o relato pessoal de Paulo Freire:
“(...) tudo isso foi o meu primeiro mundo. Nele engatinhei, balbuciei, me pus de pé, andei, falei. Na verdade aquele mundo especial se dava a mim como o mundo de minha atividade perceptiva, por isso mesmo como o mundo de minhas primeiras leituras. Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto – em cuja percepção me experimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber – se encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão eu ia aprendendo no meu trato com eles, nas minhas relações com meus irmãos mais velhos e com meus pais.” ( 1982,12)
A carga psicológica na interpretação da palavra, emerge dessa experiência direta com o mundo. Um dos exemplos mais ilustrativos deste fato é o que descreve o medo que tinha das almas penadas, sempre presente nas conversas dos adultos que o rodeavam em sua infância.
Mas se a leitura traz consigo todo o universo psicológico de quem lê, ela também permite refletir, repensar o próprio mundo e a relação que estabelecemos com ele. A leitura da palavra em seu contexto conduz à releitura do mundo e conseqüente transformação do indivíduo. É uma relação dinâmica, dialética, de contínuo aprendizado e transformação do indivíduo e do meio.
"(...) Na medida, porém, em que me fui tornando íntimo do meu mundo, em que melhor o percebia e o entendia na “leitura” que dele ia fazendo, os meus temores iam diminuindo.” ( 1982,15).
Este é o significado do conceito “palavramundo”, criado por Paulo Freire atribuindo-o a essa relação dinâmica entre a leitura do mundo e a leitura da palavra. Tal conceito conduz à origem e natureza da própria linguagem como o universo natural de desenvolvimento da própria humanidade, sendo a comunicação o elemento fundamental de constituição da sociedade e da cultura.
Em “A importância do ato de ler” nos deparamos com o cerne da metodologia de Paulo Freire para quem alfabetizar significava, acima de tudo, resgatar ao indivíduo a capacidade de “ler-se” e “ressituar-se” em seu contexto; reconhecer, avaliar, questionar e lutar pelas suas escolhas e direitos enquanto cidadão.

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