quarta-feira, 20 de abril de 2011

Dr. Deepak Chopra


Autoajuda


Uma Introdução Pessoal

— Tenho um paciente chinês que está em fase terminal de um câncer na cavidade nasal. Seu rosto foi afetado, e ele sofre dores quase o tempo todo. Mas ele também é médico e acho que deveria ouvir isto.

Concordei, do outro lado da escrivaninha. Estávamos nos últimos dias do mês de outubro de 1987, em Tóquio. Eu fazia uma visita a um japonês especialista em câncer, que poderia me ajudar a testar uma nova teoria.

Ela estava ligada a um dos grandes mistérios da medicina:
o processo da cura. Naquela ocasião eu ainda não havia descoberto o conceito “cura quântica”, mas este foi o assunto que discutimos por mais de uma hora.

Depois nos levantamos e nos dirigimos às alas dos pacientes.

Enquanto caminhávamos, pude admirar de passagem os bem cuidados jardins Zen do hospital. As crianças dormiam na ala infantil e passamos por ali em silêncio.

Quando chegamos ao setor dos quartos particulares, o médico japonês se deteve diante de certa porta, dando-me passagem.

— Doutor Liang — disse ele —, pode nos dedicar alguns minutos de sua atenção? — O quarto estava na penumbra. Um homem de quarenta e alguns anos, mais ou menos de minha idade, jazia na cama.

Virou a cabeça, cansado, quando entramos.

Nós três tínhamos várias coisas em comum: éramos do Oriente e havíamos abandonado nossas terras para estudar medicina ocidental avançada.

Somando os três, tínhamos cinquenta anos de especializações. Mas o homem deitado no leito era o único que estaria morto no mês seguinte.

Cardiologista em Taiwan, ele recebera, havia menos de um ano, o diagnóstico de câncer nasofaríngeo. Naquele dia seu rosto estava coberto por tiras largas, que chegavam quase até os olhos.

O encontro foi um momento difícil. Não baixei o olhar ao cumprimentá-lo, mas o dr. Liang, sim.

— Viemos conversar um pouco — murmurou o médico japonês.
— Não está se sentindo cansado demais?
O homem no leito fez um gesto amável e aproximamos nossas cadeiras.

Comecei a explicar minhas idéias, como fizera antes com meu anfitrião. Em resumo, eu acreditava, por princípio, que a cura não é um processo físico, mas mental.

Quando víamos a recomposição de um osso fraturado ou a regressão de um tumor maligno, estávamos condicionados, como médicos, a observar, de início e principalmente, o mecanismo físico. Mas esse mecanismo é apenas uma tela.

Expliquei-lhes que por trás existe algo bem mais abstrato, uma espécie de knowhow que não pode ser visto ou tocado.

No entanto, eu estava convencido de que esse know-how fosse uma força poderosa sobre a qual não tínhamos suficiente controle.

Apesar dos esforços para influenciarmos o processo de cura quando ele falha, a medicina não pode explicá-lo. A cura é viva, complexa, holística.

Lidamos com ela presos a nossos meios limitados e ela parece obedecer a nossos limites.

Mas quando acontece alguma coisa estranha, como um câncer avançado que desaparece súbita e misteriosamente, frustrase a teoria médica.

Nossos limites parecem, então, muito artificiais.

Em minha clientela particular, muitos pacientes com câncer sararam completamente depois de considerados incuráveis, com prognóstico de poucos meses de vida. Não considerei essas curas como milagres; achei que eram a prova de que a mente pode aprofundar-se o suficiente para mudar os próprios modelos que formam o corpo.

Ela pode, por assim dizer, apagar os enganos impressos na planta básica, destruindo qualquer doença como câncer, diabetes ou um mal das coronárias que tenha afetado o modelo corporal.

Saltando pelo vazio do tempo e do espaço, sobrevivendo às ondas de destruição que abalam a humanidade, a antiga sabedoria Védica nos fala com profunda simplicidade: no perfeito desígnio da natureza, nada morre. Um ser humano é tão permanente quanto uma estrela; ambos são iluminados pelo resplendor da verdade.

Sinto, a cada dia, a importância da viagem interior. Acredito que ainda estou dando os primeiros passos, mas quero transferi-los aos outros, neste livro.

A prática da medicina é, agora, cheia de esperança para mim. Não precisei dos conhecimentos do Ayurveda para descobrir que os médicos lutam contra a morte.

Precisei deles para descobrir que venceremos.

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